A hipertensão, também conhecida como tensão alta, resulta do aumento da pressão nas paredes das artérias. Para que o sangue circule pelo corpo e chegue a todos os tecidos e células, é necessário que exerça alguma força (pressão) sobre os vasos sanguíneos. Contudo, quando esta é demasiado elevada e obriga o coração a fazer um esforço suplementar, estamos perante um diagnóstico de hipertensão.

Com o aumento da pressão arterial, o coração tende a aumentar de volume (hipertrofia) e as artérias vão ficando mais fracas. Como resultado, podem surgir doenças associadas como angina de peito, insuficiência cardíaca, aterosclerose (deposição de substâncias gordas nas paredes internas das artérias), trombose (formação de coágulos). A hipertensão pode também estar associada a problemas renais crónicos como insuficiência renal e, em casos mais graves, originar aneurismas (dilatação localizada de uma artéria) ou hemorragias cerebrais.

Em Portugal há cerca de dois milhões de hipertensos, mas apenas metade sabe que sofre da doença, alerta a Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC). Um número que, por um lado, manifesta a ausência de sinais e sintomas que caracteriza a maior parte dos casos. E, por outro, reforça a importância de divulgar os fatores de risco e as medidas de prevenção e controlo a adotar para proteger a saúde.


O peso do estilo de vida

O desenvolvimento de hipertensão depende de vários fatores de risco, uns controláveis outros não. No segundo grupo, os mais comuns são, destaca a American Heart Association (AHA):

  • História familiar | Quem tem pais ou avós hipertensos tem maior probabilidade de desenvolver a doença
  • Idade |À medida que a idade aumenta, o risco de hipertensão também vai aumentando.
  • Género |Até aos 64 anos, os homens têm mais hipóteses de desenvolver hipertensão; depois desta idade o risco nas mulheres torna-se superior – a menopausa potencia o desenvolvimento de hipertensão;
  • Doença renal crónica | A hipertensão pode surgir como consequência da doença renal, ao mesmo tempo que pode agravá-la.

Mesmo perante estes fatores de risco, a adoção de um estilo de vida saudável pode ser determinante para prevenir a hipertensão. “Para algumas pessoas, deixar de fumar, adotar uma alimentação saudável, fazer exercício físico regularmente e evitar a ingestão de bebidas alcoólicas em excesso pode ser suficiente para controlar a pressão arterial”, assegura a Organização Mundial de Saúde (OMS).


Doença silenciosa

Dores de cabeça, tonturas, hemorragias nasais, dores no peito, palpitações e falta de ar. Estes podem ser sinais de alarme de hipertensão, justificando uma ida ao médico para identificar o que está na sua origem. No entanto, a maioria das pessoas com hipertensão não apresenta quaisquer sinais ou sintomas, o que representa um risco acrescido, alerta a OMS.

O diagnóstico depende, assim, em grande parte, da medição regular da pressão arterial, que pode ser feito em casa (desde que haja um aparelho disponível), na farmácia, no centro de saúde ou hospital. A pressão arterial é quantificada através de dois números:

  • Pressão arterial máxima | O valor mais elevado diz respeito à pressão exercida nas paredes das artérias quando o coração está a bombear sangue (pressão sistólica);
  • Pressão arterial mínima | O valor mais baixo traduz a pressão exercida nas paredes das artérias quando o coração está relaxado (pressão diastólica).


6 medidas para controlar a hipertensão

A adoção de um estilo de vida saudável é fundamental para gerir os níveis de pressão arterial. Saiba o que deve fazer para evitar ou para controlar a hipertensão:

  • Meça a pressão arterial regularmente

Como se trata de uma doença silenciosa, é fundamental controlar os valores. Segundo recomendações da FPC, os adultos saudáveis devem fazê-lo, pelo menos, uma vez por ano. Quem tem historial na família, é obeso, diabético ou fumador é aconselhado a fazer medições com mais frequência, de acordo com as indicações do médico.

Opte por uma dieta rica em vegetais e frutas. Evite consumir sal em excesso, quer seja através da utilização de sal de mesa, quer seja em enchidos, enlatados, refeições pré-preparadas, aperitivos ou águas minerais com gás. Não abuse no consumo de bebidas alcoólicas: não deve beber mais do que um copo por dia, recomenda a OMS.

  • Pratique desporto e controle o peso

Pratique atividade física com regularidade. Em alguns casos isso pode ser suficiente para normalizar os níveis da tensão, assegura a FPC. Mas atenção: evite esforços bruscos (levantar pesos, por exemplo), que podem aumentar a pressão arterial e prefira modalidades com movimentos cíclicos, como natação, corrida, dança ou marcha.

  • Reduza o stress e durma bem

Procure manter uma boa higiene de sono e assegure-se de que tem tempo para realizar as tarefas que lhe estão incumbidas. Aprenda a dizer não a algumas solicitações. Tire 15 a 20 minutos do seu dia para relaxar e consciencialize-se de que não pode controlar todos os aspetos da vida.

  • Não fume  

O tabaco contribui para a subida da tensão arterial, aumentando o risco de doença cardíaca e acidente vascular cerebral.  Se é fumador, procure livrar-se do vício o mais rapidamente possível.

  • Siga as recomendações do médico

Converse com o seu especialista sobre o tema e registe os níveis de tensão arterial. Em alguns casos – já diagnosticados – o controle da doença passa pela prescrição de fármacos.

 

Tome nota

A pressão arterial ideal deve inferior a 120/80. Considera-se hipertenso quem apresenta valores iguais ou superiores a 140/90.