O estudo urodinâmico é um exame que, tal como o nome indica, permite avaliar a dinâmica do aparelho urinário inferior. Mais concretamente, permite avaliar o comportamento da bexiga nas fases de enchimento e esvaziamento, quer em homens, quer em mulheres. Avalia também a função dos esfíncteres – músculos responsáveis por conter a urina e evitar perdas involuntárias. É feito por um urologista em regime de ambulatório, isto é, não exige internamento. Requer, sim, anestesia local, para introdução dos cateteres – tubos flexíveis de espessura mínima – que permitem medir as pressões do aparelho urinário e identificar eventuais problemas funcionais da bexiga.

Em que casos está indicado?

O estudo urodinâmico está indicado na investigação de sintomas como incontinência urinária moderada a grave, micções demasiado frequentes ou acompanhadas de urgência urinária e micções durante a noite (noctúria). Está também indicado sempre que outros testes não se revelem eficazes para identificar a causa do problema, quando o médico suspeita que pode haver mais do que uma causa ou em preparação para cirurgia urológica. Embora nem sempre seja necessário, é também um dos exames que podem ser usados para diagnosticar a síndrome de bexiga hiperativa, pois é um dos problemas associados ao funcionamento da bexiga.

Que tipo de preparação exige?

Normalmente, o estudo urodinâmico não exige preparação específica, nomeadamente jejum. O doente deve estar de bexiga cheia, o que pode ser feito bebendo água algum tempo antes do exame. Nos casos de incontinência grave tal pode ser feito no próprio consultório, bastando para isso que o doente chegue um pouco mais cedo. Em casos pontuais, o médico pode solicitar a interrupção da toma de medicamentos ou outros cuidados, mas esta é uma decisão tomada caso a caso.

Na prática, como é feito o estudo urodinâmico?

Em termos gerais, o exame consiste em colocar cateteres (tubos fininhos) na bexiga. Depois, vai-se enchendo a bexiga com soro fisiológico e observa-se a sua evolução: quanto líquido tolera, como aumenta a pressão, qual a sensibilidade, que estímulos despertam contrações anormais da bexiga. Este estudo envolve quatro fases, cada uma com um objetivo concreto.

Quais são as fases do estudo urodinâmico?


1ª Urofluxometria com medição do resíduo pós-miccional

Esta fase destina-se a estudar o fluxo da urina. Mais concretamente, permite perceber quanto tempo dura, a que velocidade é expelida, qual o ritmo do fluxo até terminar a micção e qual o volume urinado. É pedido ao doente que urine diretamente para um recipiente próprio, com um aparelho que vai fornecer as diversas medidas em tempo real. No final, é medida a quantidade de urina que permanece na bexiga após a micção voluntária, o chamado “resíduo pós-miccional”. Este volume é medido com recurso a um cateter inserido na uretra, para verificar se a bexiga é, ou não, eficaz no esvaziamento.

2ª Cistometria

Nesta fase é aplicado um gel anestésico. Com a bexiga vazia, um cateter finíssimo é introduzido através da uretra, contendo na extremidade um orifício que permite medir a pressão da bexiga. Um segundo cateter, no reto, mede a pressão no interior do abdómen, usada para comparação com a pressão da bexiga. A bexiga é enchida lentamente com água morna ou soro fisiológico, até que o doente indique que tem vontade de urinar. Quando isso acontece, mede-se o volume de água e a pressão na bexiga. Este teste identifica também contrações involuntárias da bexiga e se ocorrem perdas de urina, sendo medida a pressão na bexiga quando isso ocorre. Pode ser pedido ao doente que tussa ou faça força abdominal, para avaliar se os esfíncteres conseguem conter a urina.

3ª Estudo de pressão-fluxo

Após a cistometria, é pedido ao doente que esvazie a bexiga na posição em que costuma urinar (sentado ou de pé). Esta fase do exame permite diagnosticar obstrução do aparelho urinário e avaliar a força que o músculo da bexiga exerce durante a micção.

4ª Perfilometria uretral

Esta fase consiste na medição da pressão do esfíncter urinário, que pode ser importante para obter informação adicional relevante – nomeadamente nos casos em que há incontinência urinária. Pode ser realizada após o estudo de pressão-fluxo ou antes da cistometria, logo após a introdução do cateter. Para a sua realização, o cateter da bexiga é puxado lentamente por um braço robotizado, a um ritmo constante, permitindo medir pressão ao longo do esfíncter urinário.

O resultado é preciso?

O estudo urodinâmico permite medir a pressão da bexiga em tempo real, pelo que fornece dados precisos, ainda que requeiram interpretação do médico. O diagnóstico é, porém, preciso.

Que cuidados devem ser adotados após o exame?

O exame é geralmente muito bem tolerado, ainda que possa ser notado algum desconforto ou urina rosada nas horas seguintes, resultantes da manipulação do aparelho urinário. Beber água em abundância é geralmente a única medida aconselhada. Sintomas como dor ou hemorragia intensas e febre são extremamente invulgares, devendo nesses casos o doente ser alvo de nova observação médica.

Que profissional pode pedi-lo e/ou realizá-lo?

Este é um exame necessariamente realizado por um médico urologista com experiência nesta técnica. É o urologista que, normalmente, requer a sua realização. No entanto, o exame pode igualmente ser solicitado pelo ginecologista e pelo fisiatra, as especialidades médicas que lidam mais diretamente com as disfunções do aparelho urinário. Mais raramente, pode ser solicitado pelo médico de família, mas o habitual é que este profissional de saúde encaminhe o doente para um especialista na área. Será depois este a solicitar, ou não, o estudo urodinâmico caso a avaliação clínica não seja suficiente para um diagnóstico.

 

45 minutos

É a duração média do estudo urodinâmico.

Saiba mais sobre os sintomas e diagnóstico da bexiga hiperativa.

 

URO_2020_0072_PT, SET20