Não é novidade que ter um estilo de vida ativo, incluindo a prática regular de exercício físico, pode ajudar a minimizar os sintomas de bexiga hiperativa. No entanto, são esses mesmos sintomas – nomeadamente a urgência e frequência urinária – que podem limitar a prática de atividade física. O transtorno que causam no dia a dia pode contribuir para um estilo de vida sedentário, criando-se assim um ciclo vicioso que limita a qualidade de vida.

Foi a pensar em quem sofre de bexiga hiperativa que preparámos este artigo. Para o ajudar a melhorar a sua vida, falámos com o fisiologista do exercício Hugo Vieira Pereira. Conheça os hábitos que o podem ajudar a ter um ano mais ativo.

  • Integre a atividade física no dia a dia

Não é necessário ir a um ginásio para se manter fisicamente ativo, basta integrar pequenas alterações na sua rotina diária. Por exemplo, sair do autocarro uma paragem antes do seu destino e fazer o resto do percurso a pé, apanhar o elevador para um ou dois pisos abaixo daquele para onde vai e subir o resto pelas escadas ou mesmo oferecer-se para ajudar um familiar ou amigo a passear o cão. Estas são algumas das estratégias que pode usar para integrar a atividade física na sua rotina diária.

  • Mexa-se sem sair de casa

Quem sofre de síndrome de bexiga hiperativa pode sentir-se tentado a sair pouco de casa. Mesmo que seja assim, isso não é argumento para não praticar atividade física. Há exercícios que podem ser feitos em casa, com pouco ou nenhum material de apoio. “Levantar e sentar, encostar e desencostar do sofá, levantar as pernas e erguer o comando acima da cabeça”, são algumas das opções de movimentos, exemplifica o fisiologista do exercício Hugo Vieira Pereira. Procure realizar estes exercícios todos os dias, por exemplo, enquanto vê televisão.

  • Escolha modalidades de baixo impacto

Os doentes com síndrome de bexiga hiperativa podem sofrer perdas urinárias e também ter incontinência urinária de esforço. Faz sentido considerar essa limitação na altura de optar por uma modalidade. É essencial que escolha uma de que goste, mas deve também ter em atenção que “fisiologicamente é vantajoso realizar exercícios sem grande impacto e de bexiga vazia”, explica Hugo Vieira Pereira. Algumas modalidades de baixo impacto são o pilates, o yoga e a hidroginástica. Não hesite em experimentar.

  • Encontre companhia

Pode ser mais difícil cumprir um programa de exercícios sozinho, por isso, tente desafiar familiares e amigos a juntarem-se a si. Seja para fazer um passeio semanal com dia e hora marcada, seja para se inscrever no ginásio, vai ser mais fácil adotar e manter esse hábito se tiver um compromisso com alguém. Ao ter companhia, também torna esses momentos mais agradáveis através do convívio e socialização.

  • Recorra a um personal trainer

Ter alguém que oriente o treino torna-o mais eficaz. “Além de ser uma pessoa com quem vai partilhar informação sensível e demonstrar as suas vulnerabilidades, o personal trainer é alguém com quem irá partilhar um percurso de contacto regular em direção a uma melhor saúde”, explica Hugo Vieira Pereira. Assim, quem sofre de bexiga hiperativa deverá “escolher um fisiologista do exercício, de preferência fisiologista do exercício clínico, ou seja, licenciado na área do desporto e com experiência e formação pós-graduada na área do exercício para pessoas com patologia.” Convém também que seja alguém com quem se simpatize.

  • Escolha bem a localização

As questões práticas e logísticas são muito importantes na altura de manter um compromisso semanal. Uma opção que deve ser considerada por toda a gente, mas especialmente por quem sofre de bexiga hiperativa, é “escolher uma opção com o mínimo de constrangimento para a vida diária: o personal trainer deve ir a casa ou trabalhar numa clinica que envolva o mínimo desvio do percurso normal do quotidiano”, aconselha Hugo Vieira Pereira.

  • Saiba que pouco é melhor que nada

A motivação para a prática de exercício físico pode ser um desafio. Os portadores de doença crónica podem ter mais tendência para alguma falta de força anímica, acabando por considerar que, como não têm capacidade para uma prática intensa, ‘não vale a pena’ fazer nada. A ideia não podia estar mais errada. “Deve salientar-se que qualquer atividade é melhor que nenhuma e que a escolha da atividade é bastante flexível. É necessário respeitar o ritmo de cada pessoa, de cada organismo e de cada forma de pensar. Cada pessoa é única e tem a melhor atividade para si”, refere Hugo Vieira Pereira. Ir dar um pequeno passeio a pé todos os dias, por exemplo, é uma atividade ligeira, mas que não deve ser menorizada.

  • Aprenda a gerir o stresse

As doenças crónicas aumentam o stresse a que se está sujeito. “A melhor forma de promover o relaxamento, melhorar a respiração e a consciência corporal é praticar exercício físico”, defende Hugo Vieira Pereira. Mas há outras práticas adjuvantes que promovem alguma calma interior. “A prática de atenção plena (mindfulness), por exemplo, pode ajudar. Podem-se usar gravações ou apps de aulas de meditação, para ser mais fácil.”

  • Supere os constrangimentos

Alguns doentes com síndrome de bexiga hiperativa têm de usar pensos absorventes ou fraldas e sentem-se menos à vontade na altura de realizar alguns movimentos. Mas isso não tem de ser um impedimento. “A atividade física deve ser adequada às características e limitações da pessoa. Se estiver a ser acompanhado por um profissional deve informá-lo da situação para que possa adequar o exercício”, refere o fisiologista do exercício.