A próstata é uma glândula do tamanho de uma castanha que se situa por baixo da bexiga e à frente do reto, sendo atravessada pela uretra. É responsável pela secreção de substâncias nutrientes e fluidificadores do sémen e também pela sua emissão, através da ejaculação. Apesar de ter um papel muito importante, não é essencial à vida e, caso alguma situação clínica o justifique, pode ser removida. Devido à grande proximidade que tem com a bexiga e com a uretra, os problemas na próstata podem ter repercussões nestes órgãos.

Quais são as doenças mais frequentes?

Hiperplasia benigna da próstata (HBP) | É o aumento do volume da próstata causado por alterações nas hormonas sexuais típicas do envelhecimento. Não sendo uma doença que implique risco de vida, causa um conjunto de sintomas do aparelho urinário inferior (habitualmente designados por LUTS: lower urinary tract symptoms), que reduzem significativamente a qualidade de vida dos doentes. De acordo com a Associação Portuguesa de Urologia (APU), a HBP afeta de forma sintomática cerca de 25% dos homens com idade superior a 40 anos e um em cada três homens com mais de 65 anos.

Prostatite |É uma inflamação da próstata, que pode ser aguda ou crónica e pode ter, ou não, origem bacteriana. Segundo a APU, é a doença da próstata mais frequente em homens com menos de 50 anos, sendo que cerca de 50% dos homens desenvolvem sintomatologia de uma prostatite em alguma altura da vida.

Cancro da próstata |É, na maioria dos casos, um adenocarcinoma, ou seja, um cancro de origem glandular. Representa a segunda causa de morte por cancro no homem, sendo o cancro mais frequente em homens com mais de 50 anos. Em Portugal, a APU estima que tenha uma incidência de 82 casos por 100.000 habitantes e uma mortalidade de 33 por 100.000 habitantes. Ou seja, cerca de 4000 novos casos por ano, com uma mortalidade aproximada de 1000 doentes por ano.

Como proteger a próstata?

Em epidemiologia –  estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde – o conceito de risco é fundamental. Por isso, quase todas as doenças têm associados os chamados fatores de risco, ou seja, situações ou condicionantes que aumentam a probabilidade de ocorrência ou agravamento da doença.

No cancro da próstata há fatores de risco que não podem ser modificados – como o sexo, a idade e a hereditariedade. Outros, pelo contrário, estão relacionados com comportamentos e estilos de vida, pelo que é no seu controlo que deve assentar a prevenção. 

  • Adote uma alimentação equilibrada

“Não há alimentos que comprovadamente previnam as doenças da próstata”, explica o urologista Frederico Ferronha. No entanto, sabe-se que o oposto é verdade: “Uma dieta desequilibrada, hipercalórica, com excesso em proteínas e gorduras aumenta o risco tanto de HBP, como de cancro da próstata”, refere o urologista. Também a American Cancer Society lembra que o controlo do peso, a atividade física e uma dieta saudável e equilibrada – rica em frutas e vegetais – podem ajudar a reduzir o risco.

  • Seja fisicamente ativo

A atividade física também pode ser um aliado na altura de combater a HBP, indica a Harvard Medical School. Um estudo que avaliou a resposta a questionários de mais de 30 mil homens concluiu que há uma relação inversa entre a prática de atividade física e os sintomas de HBP, mesmo entre homens cuja atividade física era de moderada intensidade. O ideal é praticar exercício físico durante 30 a 60 minutos por dia, vários dias por semana. Pode fazê-lo através de uma caminhada em passo acelerado, andando de bicicleta, fazendo natação ou hidroginástica. Qualquer atividade física é boa para se manter ativo.

  • Controle o seu peso

Apesar de a correlação entre obesidade e cancro da próstata ser limitada e controversa, alguns estudos associam-na a uma maior incidência da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a obesidade como uma doença em que “o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde”, sendo que “esse excesso resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia despendida”.

O Índice de Massa Corporal (IMC) permite avaliar a razão entre o peso e o quadrado da estatura, ou seja, a adequação entre o peso e a altura. Define-se como pré-obesidade um IMC 25-29,9 Kg/m² e obesidade um IMC >= 30 Kg/m². Estas pessoas deverão procurar ajuda de um profissional de saúde especializado para controlar o seu peso.

  • Faça o rastreio a partir dos 45 ou 50 anos

Para prevenir a patologia da próstata, sobretudo oncológica, um dos melhores conselhos é manter os rastreios em dia e marcar consulta se e quando surgem sintomas. “O rastreio está recomendado para homens a partir dos 50 anos ou a partir dos 45 anos em homens com história familiar”, lembra Frederico Ferronha. Ou seja, homens cujo pai ou irmãos tiveram cancro da próstata devem começar o rasteio mais cedo. Os exames mais habituais são o toque retal e a análise do antigénio específico da próstata (PSA), mas o médico pode prescrever outros, dependendo da situação concreta.

  • Consulte o urologista se tiver sintomas

Seja qual for a idade, qualquer homem deve marcar consulta com o seu médico assistente ou urologista se surgirem sintomas, “nomeadamente sintomas de esvaziamento, como dificuldade a urinar, jato urinário fraco, hesitação, intermitência e esforço abdominal para urinar; sintomas de armazenamento como a urgência e a noctúria; ou, ainda, ardor ou hematúria (sangue na urina).”

Há medicação para reduzir o risco de cancro na próstata? 

Surgiram alguns estudos que pareciam mostrar que a medicação usada para retardar a hiperplasia benigna da próstata reduzia a incidência de alguns tipos de cancro. Atualmente, essa ideia foi abandonada. “Não está provada a sua eficácia na prevenção do cancro”, desmistifica Frederico Ferronha.

 

Tome nota

Segundo a American Cancer Society há fatores de risco com resultados contraditórios nos estudos: alguns concluem que são fatores de risco de cancro da próstata e outros não. São eles: ser fumador, já ter tido prostatites, ter tido doenças sexualmente transmissíveis – como a gonorreia –, ter feito uma vasectomia.

URO_2020_0080_PT, Nov20