Os sintomas associados a bexiga hiperativa podem afetar pessoas em qualquer faixa etária, desde jovens até idosos, ainda que a sua incidência aumente com a idade. Em alguns casos, a causa pode ser identificada. Na maioria, porém, os sintomas não têm uma origem definida, o que faz com que seja particularmente difícil prevenir a bexiga hiperativa. 

“Existem múltiplas doenças que podem causar sintomas no espectro da bexiga hiperativa e cujo tratamento dirigido pode conduzir a um importante alívio ou remissão dos sintomas. A hiperplasia benigna da próstata, diabetes mal controlada, AVC prévio ou toma de diuréticos são apenas alguns exemplos”, explica o urologista Ricardo Pereira e Silva. Há também outros fatores de risco conhecidos, como ser obeso, ter depressão ou doença neurológica. E os antecedentes familiares podem ter influência: “Tal como noutras doenças relacionadas com o funcionamento do aparelho urinário (por exemplo a enurese), filhos de pais com bexiga hiperativa têm maior tendência para vir a desenvolver este tipo de sintomas ao longo da vida”.

Ainda assim, é impossível prever se vamos ter bexiga hiperativa. Sabe-se que ter um estilo de vida saudável ajuda a minimizar os sintomas, mas ajudará também a prevenir a bexiga hiperativa? “Não existe evidência que suporte que a bexiga hiperativa possa ser prevenida no verdadeiro sentido da palavra. Estão sim descritos alguns fatores de agravamento que devem ser evitados, caso existam sintomas da doença”, esclarece o especialista.

Formas de minimizar os sintomas

Ingerir um volume adequado de líquidos. Veja aqui quanta água deve beber.

Evitar bebidas como chá, café, álcool, tabaco, bebidas gaseificadas;

Moderar o consumo de citrinos e comidas muito condimentadas;

Controlar o excesso de peso e praticar exercício físico, incluindo fortalecimento do pavimento pélvico, quando há incontinência associada à bexiga hiperativa.

A culpa não é do doente

Se, na maioria dos casos, não é possível evitar o aparecimento da doença, é possível, e fundamental, evitar a culpa por parte do doente. “Mesmo que as modificações comportamentais e dietéticas possam conduzir a uma melhoria dos sintomas, é importante esclarecer que a bexiga hiperativa não é culpa do doente nem pode ser evitada na maioria dos casos. É uma doença que deriva de um problema no normal processo de armazenamento de urina pela bexiga e que, na maioria dos casos, tem várias causas que não são possíveis de identificar (utilizamos o termo idiopático quando desconhecemos a causa). As medidas conservadoras podem ser ineficazes por si só. Alguns doentes podem precisar de tratamento para assegurar um adequado controlo da doença, recuperando a sua qualidade de vida”. 

Hábitos para um sistema urinário saudável

Apesar de não ser possível prevenir a bexiga hiperativa, os bons hábitos relativos à forma de urinar e evacuar ajudam a manter o sistema urinário saudável e devem ser implementados desde cedo.

  • Correta aprendizagem do ato de urinar e evacuar na infância: “O desenvolvimento cerebral e o processo de aprendizagem que leva à aquisição do controlo dos esfíncteres (deixar as fraldas) pode ser determinante para o correto funcionamento futuro do aparelho urinário. A micção deve ocorrer de forma regular e num ambiente calmo, de forma a esvaziar a bexiga por completo”.
  • Evitar a obstipação, já que esta “existe muitas vezes em concomitância com a bexiga hiperativa e outras disfuncões miccionais”.
  • Respeitar as rotinas de ida a casa de banho, “evitando períodos demasiado longos sem urinar”.

 

URO/2017/0035/PTbv, ABR18