Designa-se por infeção urinária aquela que atinge o trato urinário, dos rins à bexiga, passando pela uretra – canal que liga a bexiga aos órgãos genitais – e pelos ureteres, que ligam os rins à bexiga. Dependendo da região do aparelho urinário que afeta, a infeção urinária assume diferentes níveis de gravidade, podendo ser mais ligeira – ainda que incomodativa – quando se circunscreve à bexiga, ou mais grave quando alcança os rins.

1. Só há um tipo de infeção urinária?

Infeção urinária é a designação genérica para uma doença que apresenta várias manifestações consoante os órgãos afetados. Assim, existem vários tipos de infeção urinária: quando ocorre nos rins fala-se em pielonefrite; quando atinge a bexiga estamos perante uma cistite; quando se manifesta na uretra é uma uretrite; fala-se em prostatite quando a infeção ocorre na próstata, a glândula do aparelho genital masculino que se situa abaixo da bexiga.

Estas formas de infeção urinária apresentam sintomas comuns, mas cada uma delas tem também sintomas próprios.

2. Quais são os principais sintomas?

Entre os sinais e sintomas de infeção urinária incluem-se:

  • Vontade constante de urinar e sensação de urgência. Pode não ser possível chegar à casa de banho a tempo, ocorrendo pequenas perdas involuntárias de urina;
  • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga: tem-se vontade de urinar, mas a urina não sai;
  • Ardor ou mesmo dor ao urinar, como se fosse uma queimadura;
  • Urinar pequenas quantidades de cada vez, mas com muita frequência;
  • Urina com cheiro intenso;
  • Alteração na cor da urina – pode parecer turva ou apresentar uma tonalidade rosada, sendo que este é um indício da presença de sangue;
  • Dor pélvica, especificamente no caso das mulheres.

Como já foi referido, cada tipo de infeção urinária apresenta sinais e sintomas específicos.

Assim, no caso da pielonefrite é provável que haja febre alta, vómitos e náuseas, tremores, arrepios e dores lombares, geralmente mais intensas de um lado. Já em relação à cistite, há que considerar desconforto na região abdominal inferior, sendo, aqui, mais frequente a urgência em urinar e a presença de sangue na urina. Quanto à uretrite, manifesta-se através de ardor ao urinar e corrimento – a descarga de pus é, aliás, um sintoma que confirma a existência de infeção na uretra, dado que nem a pielonefrite nem a cistite a causam. Na prostatite, os sintomas mais comuns incluem dor ao urinar, urinar com muita frequência mas em pequenas quantidades, dores no pavimento pélvico e hipersensibilidade se for feita palpação prostática.

3. Quais são as causas mais comuns de infeção urinária?

A causa é, quase sempre, bacteriana. Embora o sistema urinário esteja preparado para bloquear a entrada de bactérias, por vezes, falha. As infeções na parte inferior do trato urinário (uretrites e cistites) são as mais comuns, mas podem evoluir e chegar aos rins. A responsável mais comum é a Escherichia coli, conhecida como E.coli. A infeção também pode ser causada por outras bactérias do trato gastrointestinal ou por microrganismos transmitidos por via sexual, como a clamídia.

4. Quais são os fatores de risco?

A infeção urinária é mais comum nas mulheres e a razão prende-se com a anatomia. No sexo feminino a uretra é mais curta, a distância que os microrganismos têm de percorrer até à bexiga é menor. Além disso, a região anal e a vaginal estão mais próximas, facilitando o contacto das bactérias gastrointestinais com a vagina. Por esta razão, ser mulher é um fator de risco. No entanto, no sexo masculino, com o avançar da idade, a obstrução urinária no contexto do aumento da dimensão da próstata é frequente, pelo que a incidência de infeção urinária (prostatite) aumenta nos homens.

Mas há mais: ser sexualmente ativo também, ter múltiplos parceiros, bem como estar na menopausa – neste caso, porque há menor produção de estrogénio, o que deixa o aparelho urinário mais sensível. O risco é ainda acrescido em pessoas com o sistema imunitário fragilizado; que têm algum tipo de bloqueio da passagem de urina, devido, por exemplo, ao aumento da próstata ou à existência de pedra nos rins; e ainda pessoas que necessitam de um cateter para urinar ou que foram recentemente submetidas a cirurgia do trato urinário.

5. Como se trata a infeção urinária?

Uma vez que a causa é geralmente bacteriana, o tratamento faz-se essencialmente com recurso a antibióticos. Os sintomas tendem a desaparecer ao fim de alguns dias, mas o tratamento deve ser feito até o antibiótico terminar ou respeitando a posologia indicada pelo médico. A ingestão abundante de água também é recomendada.

6. É possível prevenir a infeção urinária?

A resposta é afirmativa e passa por cuidados simples, como por exemplo:

  • Beber água em abundância;
  • Fazer a higiene íntima da frente para trás (isto é, da vagina para o ânus, de modo a diminuir o risco de entrada de bactérias no trato urinário);
  • Evitar produtos de higiene íntima potencialmente agressivos;
  • Esvaziar a bexiga após as relações sexuais.

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